Couro no Tambor




Porque Couro Animal na confecção dos tambores?
Nós utilizamos somente couro bovino na confecção de nossos tambores xamânicos por produzirem uma sonoridade perfeita e bem adequada aos modelos de tambores que confeccionamos. Qualquer tambor utilizado no xamanismo, nas religiões afro-brasileiras ou quaisquer outros ritos nativos ancestrais sempre ou preferencialmente utilizam couros de animais em tambores tais como os atabaques, djembês, taikos (tambores ritualísticos japoneses) ou os modelos que produzimos, Lakota, Cherokee e Pueblo. Não são utilizados materiais sintéticos porque é importante que o espírito do animal esteja presente na vibração dessa energia (ver texto abaixo).
 
Costumamos dizer que um tambor xamânico não é feito com um simples pedaço de couro e um pedaço de madeira. Ele foi feito com uma parte de um animal (que possui um espírito), com a parte de uma árvore (que possui um espírito) e pelas mãos de um artesão (que possui um espírito), portanto o tambor é algo vivo que também adquire um espírito (ou energia) e deve ser respeitado e honrado como tal. A pele do animal, neste caso, é reutilizada ou reciclada com propósitos sagrados e não profanos. 

Nesse sentido rezamos ou consagramos o couro com a fumaça do cachimbo e com a oferenda de tabaco em gratidão por cada couro utilizado e solicitamos que o espírito daquele animal esteja presente na caminhada daquele tambor lhe trazendo força, energia e vitalidade para cumprir sua missão nesta vida.

Esse é um bom caminho, um caminho de cura. Se para você esta crença não tem importância recomendamos amorosamente que procure um tambor em qualquer loja de instrumentos musicais, onde encontrará modelos feitos com material sintético de boa qualidade.

A membrana de pele do tambor dos xamãs siberianos normalmente é de rena, alce ou cavalo e representa o espírito do animal primordial que é a origem de sua tribo, portanto, é seu espírito auxiliar mais poderoso e quando penetra no xamã, este se transforma no animal mítico teriomórfico. 

Em diversas tradições, o ancestral mítico teriomórfico vive no mundo subterrâneo, perto da raiz da Árvore Cósmica, cujo topo atinge o céu. Por um lado, o xamã ao tocar seu tambor, voa em direção à Árvore Cósmica, e devido a isso, o tambor contém muitos símbolos ascencionais. 

Também, devido suas relações místicas com a pele do tambor, o xamã consegue compartilhar da natureza do ancestral teriomórfico, ou seja, consegue abolir o tempo e recuperar a condição original de que falam os mitos.Tanto num caso como no outro, estamos diante de uma experiência mística que permite ao xamã transcender o tempo e o espaço. A metamorfose em animal ancestral e o êxtase ascensional são expressões diferentes, porém equiparáveis, de uma mesma experiência, a transcendência da condição profana, a recuperação de uma existência paradisíaca perdida no final dos tempos míticos.

(Fontes e ref.: Mircea Elíade, Técnicas Arcaicas do Êxtase; Holosonic.)